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Do discurso levinho

26/9/2015

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         Quando eu era pequena achava lindo ser inteligente. Eu não prestava muita atenção no que as outras meninas usavam ou brincavam, mas queria saber se eram inteligentes, se eram engraçadas. Eu preferia  ficar entre as pessoas mais velhas e copiar o jeito que elas falavam, a postura e todo o resto, isso me fazia sentir melhor na minha pequenice.
          Na minha cabeça de criança, ser inteligente era sempre ter uma resposta na ponta da língua, ser afiada, sagaz, mas só valia se você fosse uma pessoa boa. Do contrário, a inteligência se esvaía em qualquer outra coisa que não raciocínio. 
         Acontece que a sagacidade e rapidez de pensamento eram também ironia, uma linguagem na qual me tornei especialista, para o terror dos meus pais e alegria dos meus amigos, que sempre se divertiram com meu jeito de falar. A inteligencia virava então deboche.
         Eu demorei muito tempo para discernir os dois, para separar o que era irônico e o que era leve.
Hoje em dia aquela admiração enorme pela "rapidez de raciocínio" do outro mudou de forma e a inteligência  não está   mais ligada a idade ou a maneira de falar, mas ao conteúdo e a autenticidade de cada um.
         Caetano dizia que narciso acha feio o que não é  o espelho e ele tinha razão. A inteligência, assim como a postura e a maneira de olhar a vida, são subjetivas e não por isso menos belas. Já o discurso pesado, irônico  a gente pode deixar para trás, junto à criança que olhava os mais velhos.


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    Como diria Alice Ruiz: Sou uma moça polida levando uma vida lascada. Brasileira, vinte sete anos e alguns grilos na sacada.

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